Os anos passam e a discussão sobre a nossa atuação como sociedade em relação às fake news continua em pauta. Afinal, quais são as nossas ferramentas para aprender a navegar com o excesso de informações? Como as plataformas estão buscando, através da tecnologia, minimizar os efeitos? E, em relação ao ser humano, como construir uma análise crítica de reconhecimento do que é fato ou fake? Nesse cenário, onde fica o papel da educação?
Sabemos que as redes sociais trouxeram materialidade ao boato e hoje vemos a fake news evoluir em grande escala por meio de financiamentos. Para responder essas perguntas e trazer um panorama mais geral sobre a disseminação descontrolada de desinformação, o YOUPIX SUMMIT 2021, trouxe grandes nomes para debater um olhar mais voltado para educação midiática: Lilian Ribeiro, repórter e apresentadora da GloboNews, Leonardo de Carvalho, Fundador do Sleeping Giants Brasil, William Marinho, editor de conteúdo do perfil Africanize, e Eduardo Valladares, professor de redação do Descomplica e influenciador.
Hoje, mais do nunca, o papel do jornalista precisa ser muito mais de apuração, com fontes confiáveis e de credibilidade, para a construção de uma sociedade abastecida de conteúdos reais. A notícia muitas vezes não é sobre algo que o leitor gosta, mas ela é um fato que precisa ter um caráter crítico e analítico, pois tudo que vem para agradar a grande massa é motivo de desconfiança.
Como ser um cidadão que defende a democracia e não ir contra a desinformação? Com essa pergunta no Dia Mundial da Democracia, Eduardo Valladares explicou que precisamos nortear a educação midiática, com o objetivo de reeducar o algoritmo, pois estamos vivendo em tempos de notícias rápidas, as chamadas “infoxicação”. “Meu papel como educador é fazer um paralelo, principalmente dessas novas gerações que lidam com fake news. A escola, a mídia, a família, todos têm papel fundamental em abastecer com mais clareza esses novos consumidores de informações. Sou professor da natureza da argumentação, de ensinar a pensar, confrontar opiniões com razão, usando a dialética. Penso que essa reeducação da sociedade só vai acontecer quando as pessoas estiverem abertas a debater, conversar, trazendo dados e evidências”, conta Valladares.
Para William Marinho, do Africanize, o processo de educação passa principalmente pela construção da notícia/conteúdo, trazendo uma informação apurada, com compromisso jornalístico. “Estamos tratando de vidas, de pessoas. Uma fake news pode levar grande parcela da população ao esquecimento. O papel do Africanize é poder mostrar mais sobre a história das pessoas negras e o nosso desafio é procurar entender como foi, como é e como são vistas as pessoas negras na sociedade. Fake news é tóxica e mata!”, contextualiza Marinho.
“Em um momento em que pessoas estão negando a vacina, que estão matando, tudo por conta de fake news, precisamos olhar e regular essas desinformações. Sabemos que o único caminho a ser seguido é a ciência, a verdade, e é isso que procuramos trazer para as pessoas. O extremismo engaja e precisamos reeducá-lo e desconstruí-lo. Nosso trabalho no Sleeping Giants Brasil é justamente esse, e também mostrar para grandes empresas que, muitas vezes não sabem, que elas estão financiando a desinformação por meio de investimento em publicidade em canais que propagam fake news”, finaliza Leonardo de Carvalho.