Hoje é dia da coluna Dicas para Linux e o que será mostrado é como criar sua distribuição Linux com a ferramenta SUSE Studio da Novell, desenvolvedora do renomado SUSE Linux Enterprise e mantenedora do openSUSE.

A ferramenta online SUSE Studio permite criar facilmente distribuições baseadas na plataforma SUSE. Mas antes de começar, vamos conhecer melhor a empresa e seu sistema operacional.
Novell
Novell é uma das mais tradicionais empresas de tecnologia dos EUA. Fundada em 1979, em Provo, Utah, em poucos anos tornou-se referência em razão de seu sistema operacional de redes multiplataforma, o Novell NetWare. O sistema dominou o mercado por possibilitar compartilhamento de sistemas de arquivos, sistemas de impressão e gerenciamento de maneira simples e confiável.
Após começar perder mercado, principalmente para o Windows NT e suas ferramentas, motivado em grande parte pela incapacidade da empresa em perceber mudanças no mercado, que no caso era a convicção que seus protocolos proprietários teriam preferência dos clientes em detrimento dos protocolos abertos, a empresa começou a mudar os rumos e começou a entrar em declínio.
Primeiramente foi com o desenvolvimento de um sistema baseado no UNIX (1992), após isso a própria compra deste da AT&T (1993). A posterior venda do UNIX para a SCO Group (1995) – uma confusão jurídica tremenda que será abordado depois – já mostrava que a empresa estava perdida.
Eric Schmidt, atual executivo Google, em 1997 começou a mudar o rumo da Novell, melhorando seu famoso produto NetWare e reorganizando o departamento de vendas da Novell.
Mas foi em 2003 que a empresa de Utah começou a tentativa de virada. Com a compra da Ximian (antes chamada de Helix Code), do (insuportável) Miguel de Icaza, desenvolvedora de um ambiente de desenvolvimento e ferramentas para trabalho no Gnome, um ambiente gráfico UNIX e Linux, criado pelo próprio Icaza.
SUSE e openSUSE
No mesmo ano a Novell comprou a SuSE Linux AG, uma empresa alemã referência no segmento em toda a Europa, que fabricava, obviamente, o SuSE Linux, uma distribuição GNU/Linux baseada no Slackware. A Novell desembolsou na negociação US$ 210 milhões.
Estava aí marcado o novo caminho da empresa, focar no mercado corporativo oferecendo a estável base Linux, com seu SUSE Linux, em conjunto com ferramentas e serviços. Esse conjunto é tão poderoso que a Bolsa de Valores de Londres trocou o Windows Server 2003 pelo SUSE Linux Enterprise Server.
Em 2006 a Novell decidiu integrar-se mais com a comunidade de software livre, lançando o openSUSE, uma distribuição sem aplicativos e componentes proprietários, com foco, ainda, no ambiente gráfico KDE, diferentemente da versão corporativa da Novell, que contava com a forte presença dos componentes Gnome, vindo da Ximian.
SUSE Linux é uma versão comercial e paga, mas o openSUSE é grátis.
Novell e Microsoft, uma história de amor
A Novell sempre esteve envolta de polêmicas. Em 2006 a empresa de Utah fez um grande acordo de interoperabilidade, permitindo inclusive que a Microsoft prestasse serviço para clientes com SUSE Linux Enterprise Server. A ideia principal da Microsoft era incentivar o uso do Windows em conjunto com Linux. Era mais ou menos “já que vou perder o cliente para outro sistema, pelo menos incentivo ele usar um pouco do nosso”. O investimento da empresa de Redmond passou dos US$ 100 milhões.
O episódio rendeu declarações fortes. Gabriel Szulik, da Red Hat para a América Latina, afirmou que a Novell vendeu a alma para a Microsoft.
Em 2010 a coisa ficou mais séria no relacionamento. Após a estagnação no crescimento no setor liderado pela Red Hat e um constante diminuição de lucros em outros segmentos da empresa, a Novell foi posta a venda.
Com um caixa de mais de US$ 900 milhões e um grande portfólio de produtos e patentes a empresa foi avaliada em US$ 1 bilhão. Contudo, o grupo de investimentos Attachmate pagou US$ 2,2 bilhões e levou a empresa. Após a compra, vendeu por US$ 450 milhões 882 patentes para a CPTN Holdings LLC, um consórcio liderado pela Microsoft.
A grande preocupação de toda a comunidade Linux é que pode haver patentes relacionadas ao sistema do pinguim, deixando a Microsoft com belas cartas na manga, podendo ser usadas a qualquer momento.
Como utilizar o SUSE Studio
Mas e o tal SUSE Studio? Depois de toda essa história, você deve estar com vontade de instalar o openSUSE, não é verdade? Mas você pode fazer melhor e ter um openSUSE do seu jeito.
Primeiramente entre no site oficial e faça o registro:
- SUSE Studio | Acesso
Depois, basta seguir os passos na tela. É muito simples e mesmo em inglês é possível qualquer leigo usar o serviço. Basicamente você segue essa sequência:
- Start – Mude o nome da sua distribuição;
- Software – Escolha os programas instalados por padrão. Perceba que somente o básico vem marcado. Se quiser colocar o LibreOffice ou o Amarok, adicione na opção;
- Configuration
- General – Mude idioma, padrão de teclado, fuso horário, configuração de rede, senha root;
- Personalize – Logo da distribuição e papel de parede/fundo padrão;
- Startup – Método de login (gráfico ou comando, por exemplo) e EULA (licença de uso) personalizada;
- Server – Escolha o banco de dados. PostgreSQL ou MySQL;
- Desktop – Usuário padrão e aplicativos que serão iniciados automaticamente após o login;
- Appliance – Tamanho do SWAP, memória alocada de aplicações, etc;
- Scripts – Scripts iniciados no login;
- Files – Arquivos copiados para determinados diretórios;
- Build – Numeração da distribuição criada e formato do instalador (USB, ISO, Hyper-V, VMware, etc);
- Share – Informações sobre a distribuições.
Após criar sua própria distribuição com a sólida base do openSUSE, é possível ainda publicar dentro da comunidade do site. Lá, inclusive, estão disponíveis outros sistemas Linux criados. Através do site pode-se repassar o sistema criado para todos.
Nas configurações de usuário existem mais opções, como conectar-se com sua conta no Amazon Web Services ou Windows Azure.
E então? Já conhecia o SUSE Studio? O que achou? Fez sua própria distribuição GNU/Linux? Aproveite então e deixe o link dela aqui nos comentários. Se tiver alguma dica interessante sobre o assunto, também não deixe de compartilhar. Caso queira nos escrever, o e-mail para contato é [email protected].
Não esqueça também de visitar nossa análise do openSUSE 12.3 e outras dicas desta coluna: