Ficha
- Nome: International Business Machines Corporation (IBM), “The Big Blue”;
- Slogan: On Demand Business;
- Ramo: Hardware, software, serviços de TI;
- Sigla DOW (NYSE): IBM;
- Fundador(es): Herman Hollerith;
- Ano de fundação: 1896;
- Sede oficial: Armonk, Nova York, Estados Unidos da América;
- Área de atuação: Mundial (cerca de 170 países);
- Funcionários: 398.445;
- Filial no Brasil: Sim;
- Receita anual: US$ 103,6 bilhões (2008) / R$ 248,8 bilhões (US$ 1 = R$ 2,29)
- Valor da marca: US$ 33,5 milhões (2007)
- Principal produto: Soluções diversas em TI
- Diretores: Samuel J. Palmisano (Presidente), Mark Loughridge (Vice-presidente e Diretor Financeiro), Nick Donofrio (Vice-Presidente de Tecnologia e Inovação), Ricardo Pelegrini (Presidente da IBM Brasil), Rogério Oliveira (Presidente da IBM na América Latina);
- Site: ibm.com, ibm.com.br

De uma minúscula fábrica de cartões perfurados, passando por indústria bélica durante a Segunda Guerra e a criação do primeiro computador pessoal, chegando à uma das maiores companhias de computadores que o mundo já viu. Sem dúvida alguma, o apelido que a IBM carrega não é em vão ou dado de forma exagerada. A “Gigante Azul” em seus mais de 100 anos de história já fez contribuições inestimáveis ao avanço da tecnologia durante o último século, e hoje luta para sobreviver entre companhias igualmente poderosas.
Depois de um árduo trabalho de busca, tradução e adaptação da equipe do Guia do PC, o histórico que você vai ler a seguir, apesar de longo (afinal, estamos falando de uma empresa com mais de um século de existência!), reúne fatos e curiosidades que temos certeza que você não conhecia até agora sobre a IBM e o passado de ouro da tecnologia. Boa leitura!
Histórico
Final do século XIX. O estadunidense Herman Hollerith, preocupado com a demora para a realização do censo de 1890, funda a Tabulating Machine Company (TMC), empresa especializada na produção de cartões perfurados – precursores dos pentes de memória atuais -, em 1896. Por meio da perfuração desses cartões, processos que demandavam uma grande mão-de-obra, como a contagem da população, por exemplo, ficavam mais fáceis. Tal criação levou a rápida ascenção da Tabulation Machine Company que viria a se tornar, anos mais tarde, a IBM.

Os principais lucros da inovadora TMC vieram da realização do censo norte-americano de 1900. Quando a contagem foi terminada, a companhia se ocupava com a venda de máquinas de tabulação à empresas privadas, além do aperfeiçoamento de seu equipamento. Em 1911, com 51 anos, Hollerith estava ficando com a sua saúde debilitada e teve que vender o empreendimento por US$ 2,3 milhões ao americano Charles Flint, formando a Computing Tabulation Recording Corporation (CTR), localizada em Endicott, Nova York, Estados Unidos.

Flint dividiu a CTR em 4 diferentes companhias: a Tabulating Machine Company, a International Time Recording Company (em 1900), a Computing Scale Corporation (em 1901) e a Bundy Manufacturing Company (em 1889). Esse aglomerado produziu uma variedade enorme de produtos, desde balanças e cortadores de carne, até equipamentos precursores dos computadores, como o cartão perfurado.
O nome IBM só veio em 1917, quando a CTR entrou no mercado do vizinho Canadá sob o nome de International Business Machines Company Lmtd. Com os bons resultados obtidos com os canadenses, a IBM fundou em 1917 uma companhia independente: a IBM World Trade Corporation, responsável por gerenciar as atividades da empresa ao redor do mundo. Em 1920, o governo brasileiro resolveu contratar os serviços da IBM para realizar o censo do mesmo ano. Tal contrato originou a primeira filial da Big Blue fora do território norte-americano, localizada no Brasil.

Em 14 de fevereiro de 1924, o nome do aglomerado passou a ser, definitivamente, International Business Machines Corporation, ou IBM, gerenciado por Thomas J. Watson Jr. que havia assumido o comando em 1914 após a saída de Flint. Nos próximos anos, a IBM continuou a crescer firme, mesmo com a Grande Depressão em 1929. Graças à IBM World Trade, os esforços da gigante azul foram expandidos por vários países do mundo, fechando contratos com diferentes governos para a realização de serviços em territórios estrangeiros.

Com o surgimento da Alemanha Nazista e o início da Segunda Guerra Mundial, as relações exteriores da IBM foram profundamente afetadas o que levou a companhia a trabalhar para o esforço de guerra aliado. Com suas fábricas a disposição do governo dos Estados Unidos, a IBM iniciou a fabricação de armas, como o Browning Automatic Rifle e o M1 Carbine, além de ajudar na produção de equipamentos logísticos destinados às tropas aliadas em guerra. Durante o Projeto Manhattan para a criação das primeiras bombas atômicas, a IBM forneceu suas máquinas de cálculos por cartão perfurado aos cientistas do programa nuclear, além de também criar o Harvard Mark I, o primeiro computador digital do mundo, destinado à marinha dos Estados Unidos.
Em 1950, a IBM fechou contrato com a Força Aérea dos EUA para construir o SAGE – Semi Automatic Ground Environment – um radar automatizado (ou quase) de defesa aérea que teria sua fase de pesquisa e testes feita no MIT – Massachussetts Institute of Technology. O SAGE foi o primeiro sistema a integrar um visor digital, memória, luzes, linguagem algébrica funcional em um computador, um conversor analógico-digital e vice-versa, transmissão de dados via linha telefônica, multi-processamento e redes. A IBM empregou 7.000 de seus funcionários (20% de sua força de trabalho na época) no desenvolvimento de 56 computadores SAGE, cada um custando US$ 30 milhões ao Deparamento de Defesa norte-americano. Com o sucesso de seus serviços, a IBM se baseou no SAGE para construir o SABRE, sistema de gerenciamento de linhas aéreas feito para a American Airlines, o qual teve muito mais sucesso comercial.

Na década de 1960, com o lançamento do IBM System/360 – primeiro computador de mainframe, com incríveis 8MB de memória e 256KB de armazenamento, para uso comercial e científico – a IBM torna-se a maior companhia de computadores do mundo, produzindo 70% de todos os computadores da época, competindo com outras 7 empresas: UNIVAC, Burroughs, NCR, Control Data Corporation, General Electric, RCA e Honeywell. Muitos costumavam descrever essa concorrência (ou massacre) como “a IBM e os Sete Anões”.

Na década de 1970, alguns desses concorrentes enfrentaram problemas e tiveram que ser vendidos à outras companhias, sobrando apenas a IBM e os “BUNCHs” – Borroughs, UNIVAC, NCR, Control Data e Honeywell. A concorrência chegou a tal nível que a IBM foi processada por monopólio e deslealdade em 1973, o que a obrigou a fazer as vendas de softwares independentes da venda de hardwares. De 1971 a 1975, a IBM tentou bolar uma linha de produtos tão revolucionária que tornaria obsoleto todos os equipamentos da época, para reestabelecer a supremacia abalada pelo processo de monopólio. Conhecido como o projeto Future System, foi logo cancelado em 1975, apesar de ter empregado uma grande mão-de-obra em seu planejamento. Suas idéias, entretanto, ajudaram a IBM em futuros projetos.

Na década de 80, a IBM contratou o engenheiro Don Estridge que, juntamente com o time apelidado de “Project Chess”, construiu o primeiro computador pessoal, o IBM PC, talvez a mais importante criação e colaboração da Big Blue para a tecnologia atual, quando a computação migrou de máquinas enormes e caras para o ambiente doméstico. Desenvolvido no mítico T-REX Technology Center, e lançado em 12 de agosto de 1981, o IBM PC saiu custando US$ 1.565 – um valor bem alto para os padrões da época. Até 1989, a gigante azul continuou a desenvolver vários outros mainframes para manter o mercado atualizado e bem abastecido. Vale lembrar também o término do desenvolvimento do BICARSA – Billing, Inventory Control, Accounts Receivable & Sales Analysis -, grupo de aplicações destinadas à indústrias de construção (CMAS), distribuição (DMAS) e matérias-primas (MMAS), todos escritos na linguagem RPG II, no final desta década.
A IBM iniciou a década de 90 com bons resultados. As pessoas estavam deixando de lado a computação por mainframes e migrando para o prodigioso PC. Não demorou para que as atenções da corporação se voltassem ao mercado de desktops e não mais aos computadores gigantes. Em outubro de 1992, a IBM anunciou a série de produtos ThinkPad, começando com o 700c, o primeiro laptop do mundo. Tal novidade teria o custo elevado de US$ 4.350 e seria composta de um processador Intel 80486SL de 25MHz, uma tela de 10.4 polegadas, HD removível de 120MB, e 4MB de memória RAM (expandível até 16MB).


Após quase uma década de encolhimento do setor de vendas de mainframes, empresas ganhando mais destaque e o cessamento de novos produtos da IBM trouxeram nada mais, nada menos que o maior prejuízo já registrado em um ano em uma empresa dos EUA: a perda de US$ 8,1 bilhões em 1992. Um ano depois, Louis V. Gerstner Jr. passou a comandar a empresa e ficou conhecido por ter tirado a IBM do buraco: sua decisão de reintegrar as divisões da corporação sendo a prioridade principal dada aos serviços e depois aos produtos, salvou a companhia da beira de um desastre financeiro, além do princípio de Gerstner permanecer até hoje direcionando o rumo da empresa.
Após o ano de 2000, a IBM sofreu várias transformações e mudou seu foco do mercado de componentes para a consultoria empresarial e execução de outros serviços de TI que usariam todo o hardware e o software já produzido pela companhia. Com sua divisão de HDs vendidas à Hitachi em 2002, e seu departamento de PCs vendido à chinesa Lenovo por US$ 1,2 bilhões (sendo US$ 650 milhões em dinheiro e mais US$ 600 milhões em produtos da Lenovo) em 2004, a gigante azul se voltou à pesquisas, vendas de patentes e propriedade intelectual – esta última, por sua vez, já gerou mais de US$ 10 bilhões à companhia. Atualmente, apesar de rica, a IBM já não é tão poderosa quanto era há algumas décadas atrás e anda um pouco “apagada” do mundo da tecnologia, infelizmente.
Por fim, uma curiosidade interresante é que os brilhantes engenheiros da Big Blue já foram premiados com três prêmios Nobel, quatro prêmios Turing, cinco medalhas nacionais de tecnologia e cinco medalhas nacionais de ciências, valorizando suas importantes contribuições ao avanço da tecnologia moderna.
Principais produtos
Devido a quantidade enorme de produtos da IBM, selecionamos apenas alguns poucos para este artigo. Lembrando que atualmente a gigante azul está muito mais focada na prestação de serviços em geral do que na fabricação de hardware e softwares, o que significa que alguns produtos selecionados sejam um pouco “antigos”, anteriores à “política de Gerstner” (descrita na seção “Histórico” acima).
Processador Cell

Construído em cooperação entre a Sony, a Toshiba e a IBM – a conhecida aliança STI – o Cell Broadband Engine Architecture, ou simplesmente Cell, é um dos processadores mais poderosos e famosos da atualidade. O custo de seu desenvolvimento iniciado em março de 2001 ultrapassou os US$ 400 milhões. Toda a fase de pesquisas foi realizada no STI Design Center em Austin, no Texas.
Composto por 1 processador PowerPC de 64bits, da IBM, que controla outros 8 núcleos com 256KB de memória interna cada um, auxiliados por 4 módulos que processam 44,8GB/s na saída e 32GB/s na entrada de dados, o monstro criado por três gigantes dos eletrônicos combina uma poderosa arquitetura feita especialmente para a manipulação de efeitos especiais em vídeos e imagens, além de ter até mesmo uma versão para supercomputadores – o PowerXCell 8i. Atualmente, é o processador padrão do PlayStation 3, também empregado em alguns televisores de alta definição e no supercomputador Roadrunner (mais informações a seguir).
Processador PowerPC

Construído também a partir de uma aliança, desta vez entre os AIMs – Apple, IBM e Motorola, o PowerPC (Power Performance Computing) é um processador RISC – sigla para Reduced Instruction Set Computer ou Computador com um Conjunto Reduzido de Instruções – baseado na arquitetura POWER da própria IBM, desenvolvido originalmente para computadores domésticos da Apple em 1991, mas que mais tarde tornou-se um processador destinado ao mercado de alta performance. Seu modelo mais avançado, o PowerPC G5, possui quatro núcleos.
Atualmente, com a saída da Apple da aliança em 2005 devido a migração da mesma para as arquiteturas x86 da Intel, os processadores PowerPC passaram a servir de base para a criação de outros modelos usados em consoles (Xbox 360 e Nintendo Wii) e algumas máquinas Macintosh. E, como você leu acima, a arquitetura do PowerPC também está presente no Cell, usado no PlayStation 3.
Supercomputador Roadrunner
O grande trunfo da IBM atualmente, fruto da parceria de décadas com o governo dos Estados Unidos e anos de experiência com mainframes, é o supercomputador Roadrunner, entregue em 2008 ao Departamento de Energia dos EUA, mais especificamente à Administração Nacional de Segurança Nuclear.

Se você achava o Cell um “monstro”, saiba que o Roadrunner e seus 560m² de área reúnem nada mais que 12.960 processadores PowerXCell 8i (o modelo de elite do processador do PS3), rodando a 3.2GHz, junto com outros 6.480 AMD Opteron X2, de 1.8GHz, ligados por uma conexão Infiniband de 96Gbit/s. Tudo gerenciado pelos sistemas operacionais Linux Red Hat Enterprise e Fedora. Tal hardware tornou o Roadrunner o mais poderoso supercomputador do planeta, batendo a marca de 1 petaflop (1.000.000.000.000.000 de operações em ponto flutuante).
E não, ele não roda jogos. O Departamento de Energia americano usa o bichano para simulação de testes nucleares e cálculos de natureza quântica, além de “emprestar” o poderio a cientistas, economistas e indústrias automotivas/aeroespaciais.
IBM OS/2
Lançado em 1987 nos idiomas inglês, alemão, espanhol e português, com o objetivo de ser compatível com a arquiterura x86, o sistema operacional OS/2, sigla para “Operating System/2“, desenvolvido primeiramente entre Microsoft e IBM e mais tarde apenas pela gigante azul, carrega tal nomenclatura em referência e compatibilidade ao “Personal System/2”, ou PS/2, linha de hardware e periféricos lançada no mesmo ano pela IBM que até hoje está presente em alguns computadores.

Hoje, é claro, esse antigo SO que serviu de base para vários outros sistemas, não é mais vendido, tendo sua última versão estável lançada no final de 2001 e sua comercialização descontinuada em 31 de dezembro de 2006. Atualmente, a Serenity System é a responsável por produzir o eComStation, sucessor “espiritual” do OS/2.
IBM PC

Agradeça à IBM pelo tamanho dos computadores atuais: graças à equipe de engenheiros liderados por Don Estridge, o primeiro computador pessoal – o IBM PC (Personal Computer) – foi lançado em 12 de agosto de 1981 e substituiu os gigantescos mainframes.
Até abril de 1987, quando foi descontinuado, o IBM PC foi inicialmente vendido por mais de US$ 1.500, tendo um processador Intel 8088 de 4.77MHz e suportando até 256KB de memória. Os sistemas operacionais compatíveis com o “microcomputador” foram o IBM Basic, o PC-DOS 1.0, o CP/M-86 (feito pela Digital Research) e o UCSD p-System (SO feito pela Universidade da Califórnia em San Diego).
IBM Lotus Notes
Um dos softwares de colaboração mais utilizados ao redor do mundo, o IBM Lotus Notes é um sistema cliente-servidor que reúne várias funções e utilidades. Desenvolvido pela Lotus Software que pertence ao grupo de software da IBM, está disponível em vários idiomas e em diferentes plataformas e sistemas, incluindo o Microsoft Windows, Sun, Solaris e Linux.

Lançado em 1989 e hoje na versão 8.5 (Janeiro, 2009), o Lotus é considerado um dos melhores softwares em ambientes corporativos, possuindo um navegador, cliente de e-mails, calendários, mensageiros instantâneos, agregadores de RSS, blogs e várias outras aplicações.