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Ambidestria corporativa conecta a inovação entre presente e futuro

Artigo por Adriano Almeida, líder da Alura Para Empresas

Por muitos anos, construir uma empresa de sucesso significava alcançar alto faturamento e produtividade. Agora, essa definição não é mais suficiente, principalmente quando olhamos para a importância do conceito de ambidestria corporativa, terminologia referente à inovação e que ganhou destaque no mundo dos negócios nos últimos anos.

O termo “ambidestria” nada mais é do que a capacidade de ser igualmente habilidoso com ambos os lados do corpo. No universo empresarial, a expressão foi introduzida no ano 2000, quando acadêmicos passaram a debater a importância de cuidar das estruturas atuais de uma organização. 

Passadas mais de duas décadas, o conceito se consolidou e hoje funciona como um termômetro para que as companhias consigam equilibrar, de forma simultânea, a exploração de novos mercados e soluções, e a otimização dos negócios existentes. Não se trata de fazer um ou outro, mas sim, de garantir um e também o outro.

Até por isso, essa estrutura também depende de uma estratégia sólida de educação corporativa e desenvolvimento de habilidades, especialmente por vivermos em uma era onde o mundo do trabalho é orientado pela tecnologia. Peguemos um exemplo prático: imagine um banco tradicional que decide implementar soluções de fintech em seu portfólio. Ao invés de abrir mão de seus sistemas e correr riscos durante o processo de transição, a instituição pode desenvolver os seus colaboradores em habilidades digitais (digital skills) e criar um “braço” dedicado à inovação, em que ferramentas disruptivas (blockchain, inteligência artificial e open finance) são testadas e integradas em projetos piloto.

Desenvolvendo uma cultura de ambidestria corporativa

Uma pesquisa recente publicada pela Deloitte revela que mais de 60% das empresas globais consideram a ambidestria corporativa como um aspecto crítico para sobrevivência. Por outro lado, somente 15% delas apresentam níveis satisfatórios para o conceito. 

Essa diferença acontece porque o verdadeiro desafio para implementá-la depende da construção de uma cultura organizacional pautada pela inovação, em que a comunicação flui abertamente entre todas as áreas. Dessa forma, novas ideias e tecnologias  principalmente em um contexto em que a IA e dados tem gerado tamanho impacto  devem ser ativamente incentivadas.

O aprendizado contínuo é essencial e sua importância vem sendo percebida tanto por empresas quanto por profissionais. Um estudo da Gartner aponta, por exemplo, que 58% das pessoas colaboradoras acreditam que precisam desenvolver novas habilidades para desempenhar seu trabalho. 

Isso prova que a carreira linear, que antes era comum, cede espaço para jornadas multifacetadas, guiadas pela busca constante por conhecimento. O próprio setor de TI é uma grande prova de como “furar a bolha”, já que está sendo tratado quase como qualificação mínima para todas as áreas. 

Líderes que direcionam

É preciso ressaltar que pouco adianta uma empresa buscar a capacitação dos profissionais e procurar estabelecer a ambidestria corporativa se a liderança não se mostra igualmente preparada e disposta a se adaptar. Líderes “ambidestros” são aqueles que conciliam a gestão de uma operação eficiente com o incentivo constante à exploração de novas possibilidades. 

Felizmente, a pesquisa Educação Tech & Eficiência Operacional das Empresas, que desenvolvemos na Alura Para Empresas em parceria com a FIAP, revela que mais da metade das companhias (56%) investe em programas exclusivos para os gestores. O estudo ainda ressalta o impacto destas lideranças na construção de uma cultura de aprendizagem e inovação, relatando que as instituições que se apoiaram neste tipo de investimento apresentaram aumento de 64% na produtividade e 45% no engajamento de seus colaboradores.

Esse é o tipo de cenário que demonstra como um ambiente onde a ambidestria é uma realidade mescla a experimentação, o aprendizado e a escalabilidade. As corporações e líderes que não entenderem essa associação correm sério risco de desaparecer, não podendo perder mais tempo nesta corrida.

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