Análises

Cibersegurança na aviação: como a tecnologia está protegendo o setor

A segurança cibernética se tornou uma prioridade absoluta para a aviação global. Com o aumento da digitalização e a crescente interconectividade dos sistemas, companhias aéreas e aeroportos estão investindo maciçamente em tecnologia para se proteger das ameaças cibernéticas. De acordo com o relatório Air Transport IT Insights 2024, da SITA, 66% das companhias aéreas e 73% dos aeroportos classificam a cibersegurança entre suas três principais prioridades estratégicas.

Segundo Eder Souza, Senior Cybersecurity Executive, CTSO (Chief Technology & Security Officer) e cofundador da e-Safer, “à medida que são incorporadas mais tecnologia e automatizados os processos, torna-se essencial o monitoramento especializado com a implementação de estratégias eficazes, tanto para prevenção quanto para resposta efetiva a essas ameaças.”

A conectividade ampliada trouxe benefícios operacionais e melhorou a experiência dos passageiros, mas também expôs o setor a novos vetores de ataque. Companhias aéreas já enfrentaram falhas sistêmicas que causam prejuízos milionários, evidenciando a necessidade de medidas preventivas robustas, alerta o especialista da e-Safer, que aponta os principais desafios da aviação em segurança digital:

– Proteção contra ransomware: tentativas de ataques para bloquear sistemas e exigir resgates financeiros estão cada vez mais frequentes;
– Segurança de dados de passageiros: a adoção de biometria e inteligência artificial exige investimentos robustos em privacidade e proteção de informações;
– Vulnerabilidades na migração para a nuvem: muitas empresas do setor estão modernizando suas infraestruturas, mas com desafios para evitar ficar expostas a ameaças virtuais.

“Em um caso recente de falha sistêmica, uma única companhia aérea relatou prejuízos na casa das centenas de milhões de dólares. Isso evidencia que, em um setor de margens tão estreitas, investir em proteção e prevenção contra esses incidentes pode ser decisivo para a sobrevivência da empresa.” reforça Eder Souza.

Para o especialista, a adoção de tecnologias mais avançadas e da IA aumenta a proteção do setor, que vem apostando em soluções inovadoras para fortalecer a segurança digital. Entre as principais iniciativas destacam-se:

– Biometria e autenticação avançada: mais de 70% das companhias aéreas pretendem implantar sistemas de identificação biométrica até 2026;
– Análises preditivas e IA: aeroportos e companhias aéreas estão utilizando análise de Big Data para detectar padrões suspeitos e evitar ataques antes que ocorram;
– Monitoramento contínuo e respostas rápidas: sistemas de detecção automatizados garantem uma resposta mais ágil a ameaças emergentes.

Eder Souza enfatiza também a importância dessas medidas para garantir a segurança das operações da aviação: “é essencial investir em monitoramento eficiente, tecnologias de prevenção e detecção, além de contar com uma equipe capaz de acompanhar e responder rapidamente aos incidentes dentro de uma janela de tempo que permita bloquear os principais ataques.”

Os desafios da cibersegurança na América Latina

A América Latina tem desafios específicos quando se trata de cibersegurança na aviação. Segundo dados do setor, 85% das companhias aéreas e aeroportos na região consideram essa uma prioridade absoluta, segundo o relatório da SITA. No entanto, há barreiras significativas, como a variação cambial, que encarece a aquisição de tecnologias estrangeiras.

Eder Souza analisa a situação: “O setor de cibersegurança na América Latina é altamente desenvolvido, mas sofre com restrições orçamentárias. Muitas tecnologias de monitoramento e prevenção vêm de fora, tornando a variação cambial um fator que impacta diretamente os custos. Mesmo com este desafio, o setor de cibersegurança no continente região é altamente desenvolvido e oferece um nível de serviço equivalente ao de outras regiões.”

Para mitigar riscos, Eder Souza destaca três pilares fundamentais da estratégias para melhor preparação a aviação contra as ameaças cibernéticas:

– Capacitação contínua dos colaboradores: treinar equipes para reduzir vulnerabilidades humanas;
2. Investimento em tecnologia adequada: adotar soluções avançadas de segurança para proteção de dados e sistemas;
3. Estratégias bem estruturadas para resposta a incidentes: ter um plano estruturado para minimizar danos e garantir a rápida recuperação em caso de ataque.

Além disso, ele ressalta a importância da colaboração entre empresas do setor: “A troca de informações e experiências sobre incidentes e estratégias é essencial para acelerar o amadurecimento da cibersegurança na aviação. Outros setores já adotam práticas colaborativas com sucesso.”

Tendências Futuras e a Importância da Cooperação

Com a chegada de novas tecnologias, como IoT e 5G, o setor da aviação necessita equilibrar inovação e segurança. Segundo Eder Souza, “o aumento da conectividade amplia significativamente a superfície de ataque, tornando essencial as arquiteturas de segurança resilientes, como criptografia avançada, segmentação de redes e monitoramento contínuo, garantindo a detecção e a resposta rápida a ameaças em tempo real.”

O futuro da cibersegurança na aviação dependerá do investimento contínuo em tecnologia e da colaboração entre empresas e governos para criar um ambiente digital seguro. “A troca de informações e experiências tanto sobre os incidentes vivenciados quanto nas estratégias adotadas é fundamental para acelerar o setor no tema de cibersegurança. Diversos outros setores já adotam estratégias como essa.” conclui Eder Souza.

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